domingo, 2 de novembro de 2008

O FILHO QUE FICOU EM CASA

O ensino mediante parábolas foi um precioso recurso utilizado por Jesus em seu ministério de amor.

Essas pequenas histórias contêm profundos ensinamentos que o leitor ou o ouvinte gradualmente percebe.

Os séculos passam, mas as grandes lições não envelhecem, pois retratam a eterna luta da alma humana para libertar-se do primarismo evolutivo.

A Parábola do Filho Pródigo é uma dessas belas lições.

Como toda parábola, ela comporta diversas leituras, sempre ricas de ensinamentos.

O enfoque pode ser na generosidade do pai, sempre disposto a acolher com alegria o filho que se perdera.

Ou nas dores que o desfrutar das paixões provoca.

Mas um ponto interessante para reflexão reside no comportamento do filho que ficou em casa.

Em um primeiro momento, ele parece mais equilibrado do que o seu irmão.

Satisfeito com a disciplina da casa paterna, não se entusiasma com a perspectiva de festas e desfrutes.

Enquanto o denominado filho pródigo ganha o mundo, ele permanece vivendo de forma equilibrada.

Entretanto, esse equilíbrio é colocado à prova quando seu irmão retorna, sofrido e humilhado.

Então, em vez de se alegrar com o retorno do companheiro de folguedos infantis, ele se indigna.

Recusa-se a entrar em casa e a participar da festa.

Instado pelo pai a retificar o comportamento, dá mostras de rancor ao falar de sua prolongada obediência, a seu ver sem recompensas.

O filho que ficou em casa representa uma parcela muito significativa da Humanidade.

Trata-se das pessoas bastante focadas em viver sem escândalos, mas também sem generosidade.

Elas se esmeram em cumprir regras, em fazer o que parece correto, em termos pessoais ou sociais.

Contudo, o seu viver não tem bondade.

Porque conseguem domar algumas paixões, criticam asperamente quem a elas sucumbe.

Muitas chegam a desejar a dor e a desgraça para aquele que comete pequenos deslizes ou se permite viver de forma desregrada.

Essas pessoas, em sua severidade, não entendem o essencial das leis divinas.

Essas leis não existem para cercear todos os passos das criaturas.

Elas são um roteiro de liberdade e felicidade.

Uma vida digna e profícua é resultado da internalização dos códigos divinos.

Mas essa internalização é incompatível com um coração rancoroso e ressequido.

É preciso bondade e leveza para uma correta compreensão da Lei de Amor que rege os mundos.

Embora com necessidade de experiências diversas, todos os homens são irmãos e se assemelham, em sua essência.

Para viver em paz, urge identificar-se com o próximo e ser feliz com a felicidade dele.

A vida trata de providenciar as reparações e as lições necessárias.

O papel dos homens consiste no auxílio mútuo e na vivência da fraternidade.

Pense nisso.

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