domingo, 9 de novembro de 2008

CRISTO-ALIMENTO

E todos comeram e ficaram fartos. Marcos, 6:42



O místico ou o santo se alimenta mais por anagogia, pois este é quase seu estado normal.

Busca, por intermédio dos dons que possui, um pão por excelência de maior valor, o pão do céu.

O alimento físico com exagero é para espíritos ainda presos às sensações inferiores. Cristo-alimento

é uma demanda oportuna para a alma desenvolver os poderes internos, disciplinando os

instintos animais e educando os impulsos que não afinam com a graça divina. É um desafio às

nossas necessidades evolutivas. É certo e justo que o corpo precisa abastecer-se de elementos que

lhe garantam a vida física, porém, o Mestre dos mestres já ensinava a Seus discípulos: Não só de

pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus — Mateus,

4:4. E isto era conceito de antigos pergaminhos de profetas do passado, continuando em vigor

hoje e eternamente.

O pão do céu referido é uma essência espiritual que a alma é capaz de absorver no sono,

em êxtase ou em processos da oração, e por pouco que seja, ainda se encontra no ar, na água e

nos alimentos indispensáveis à vida. É como se fosse o hálito do Criador, interpretando a

criação. E desse alimento divino poderás ser também um canal para os outros, dependendo do

modo pelo qual vives: ele se afasta quando a cólera se apossa do espírito, se dispersa quando o

ciúme envenena o coração, desaparece quando a maledicência trabalha com a língua do possesso...

Esse alento superior existe em profusão na alma de quem ama, e passa por todos os canais das

virtudes mencionadas pelos Evangelhos.

Cristo-Alimento vem evidenciar no nosso mundo mental a formação de novas idéias no

campo da filosofia, assim como estender argumentos nos conceitos religiosos, para que a

ciência entenda o valor das virtudes e a profundidade da educação espiritual. Estamos

encaminhando para uma época de menos alimento físico e mais pão espiritual; e mesmo o material

está caminhando para a fluidez do seu estado: o visível é materialização do invisível, e o Senhor dá

prova disso, quando multiplicou os pães várias vezes para a multidão de pessoas famintas.

Quando não puderes doar o pão de trigo ao que tem fome, oferta o alimento da palavra

revestida de amor, de carinho e de fé, e se estiver ao teu alcance, faze as duas coisas. A mente é

uma lavoura de recursos sem limites, e o coração é um celeiro imensurável, que nunca se

esgotará, quando movido pela fraternidade universal! Cristo, quando abria a boca, no comando das

Suas idéias luminosas, tudo fazia pelas inúmeras mãos do gênio que se chama Amor. O homem

atual ainda não descobriu essa força poderosa, capaz de remover o mundo e solucionar os

problemas da humanidade. Jesus o revelou na sua feição máxima, todavia, as criaturas, não

suportando a luz do amor puro, criaram as divisões concernentes às necessidades de cada

povo, difundindo os raios desta virtude excelente, para depois encontrar o foco energético da vida,

que João Evangelista denominou de Deus, dizendo, por não achar outro termo, Deus é Amor!

E o Amor por excelência das excelências é o alimento da vida, onde todos, senão a

humanidade inteira, podem comer e se fartar eternamente.

E todos comeram e ficaram fartos.

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