domingo, 14 de setembro de 2008

Haja o que houver eu estarei sempre com você

Na Romênia, um homem dizia sempre a seu filho:

- Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado.

Houve, nesta época um terremoto de intensidade muito grande, que quase alisou as construções lá existentes nesta época.

Estava nesta hora este homem em uma estrada. Ao ver o ocorrido, correu para casa e verificou que sua esposa estava bem, mas seu filho nesta hora estava na escola.

Foi imediatamente para lá. E a encontrou totalmente destruída. Não restou, uma única parede de pé.

Tomado de uma enorme tristeza ficou ali ouvindo, a voz feliz de seu filho e sua promessa. (não cumprida)

"Haja o que houver: eu estarei sempre a seu lado".

Seu coração estava apertado e sua vista apenas enxergava a destruição. A Voz de seu filho e sua promessa não cumprida, o dilaceravam. Mentalmente percorreu inúmeras vezes o trajeto que fazia diariamente segurando sua mãozinha.

O portão (que não mais existia); Corredor. Olhava as paredes, aquele rostinho confiante: Passava pela sala do 3º ano, virava o corredor e o olhava ao entrar. Até que resolveu fazer em cima dos escombros, o mesmo trajeto. Portão Corredor Virou a direita

E parou em frente ao que deveria ser a porta da sala. Nada! Apenas uma pilha de material destruído. Nem ao menos um pedaço de alguma coisa que lembrasse a classe. Olhava tudo desolado.

E continuava a ouvir sua promessa.

"Haja o que houver, eu sempre estarei com você''.

E ele não estava.

Começou a cavar com as mãos.

Nisto chegaram outros pais, que embora bem intencionados, e também desolados, tentavam afastá-lo de lá dizendo:

- Vá para casa. Não adianta, não sobrou ninguém.

- Vá para casa.

Ao que ele retrucava:

- Você vai me ajudar?

Mas ninguém o ajudava, e pouco a pouco, todos se afastavam. Chegaram os Policiais, que também tentaram retirá-lo dali, pois viam que não havia chance de ter sobrado ninguém com vida. Haviam outros locais com mais esperança.

Mas este homem não esquecia sua promessa ao filho, a única coisa que dizia para as pessoas que tentavam retirá-lo de lá era:

- Você vai me ajudar?

Mas eles também o abandonavam. Chegaram os bombeiros, e foi a mesma coisa.

- Saia daí, não está vendo que não pode ter sobrado ninguém vivo? Você ainda vai por em risco a vida de pessoas que queiram te ajudar pois continuam havendo explosões e incêndios.

Ele retrucava:

- Você vai me ajudar?

- Você está cego pela dor não enxerga mais nada. Ou então é a raiva da desgraça.

- Você vai me ajudar?

Um a um todos se afastavam.

Ele trabalhou quase sem descanso, apenas com pequenos intervalos, mas não se afastava dali. 5, 10, 12, 22, 24,30 horas.

Já exausto, dizia a si mesmo que precisava saber se seu filho estava vivo ou morto.

Até que ao afastar uma enorme pedra, sempre chamando pelo filho, ouviu:

- Pai estou aqui!

Feliz fazia mais força para abrir um vão maior e perguntou:

- Você está bem?

- Estou. Mas com sede, fome e muito medo.

- Tem mais alguém com você?

- Sim, dos 36 da classe 14 estão comigo estamos presos em um vão entre dois pilares. Estamos todos bem.

Apenas conseguia se ouvir seus gritos de alegria.

- Pai, eu falei a eles: Vocês podem ficar sossegados, pois meu pai irá nos achar. Eles não acreditavam, mas eu dizia a toda hora. Haja o que houver, meu pai, estará sempre a meu lado.

- Vamos, abaixe-se e tente sair por este buraco.

- Não! Deixe eles saírem primeiro Eu sei que haja o que houver você estará me esperando!

1 comentário:

Unknown disse...

muito lindo esse poema!!!♥♥♥