terça-feira, 16 de setembro de 2008

FIDELIDADE ATÉ A MORTE

Estava um dia tão lindo!
À superfície de um lago refletia,
como em um espelho, o azul
de um céu sem nuvens.

Um casal de cisnes sobrevoava a água,
mergulhando e apenas pousando.
Sempre juntos, poderiam sentir-se como
em plena lua-de-mel, se fosse essa
a primeira vez que ali brincavam.
Mas as aves aquáticas sabem
escolher o que lhes agrada, e ali,
sentiam-se como em um paraíso.

O tempo passava....
Nuvens surgiram em vários
espaços do céu.
Foram crescendo, crescendo,
até encobrirem o sol.
Não tardou, e a claridade solar
foi substituída por prenúncios
de uma tempestade.

Ouviram-se os ruídos de trovoada.
Surgiram os primeiros relâmpagos.
Os dois cisnes continuavam brincando,
inocentemente alheios ao que acontecia.
Ouviu-se, então um estrondo mais forte,
após um zig zag luminoso nos céus.
O cisne macho voava
a certa distância de sua companheira.
Aproximou-se do local onde ela flutuava,
circundou-a; chamou-a, tocando-lhe
o corpo.

Ela continuava inerte.
O apelo foi se intensificando,
chegando ao auge de violentas
batidas na água e no corpo
acompanhadas de silvos.
Mas não havia sinal de vida
na sua companheira, ela havia
sido fulminada por aquele raio maldito.

O macho então alçou o último vôo
a uma fantástica altura.
De lá, visando uma vertical precisa,
fechou as asas e desceu num mergulho,
como um bólido, diretamente sobre
a superfície da água,
juntinho do corpo inanimado de sua amada,
como último tributo à fidelidade.

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