Olhava o modo como chegava.
Seu silêncio, sua desconexão.
Faltava-lhe alegria, faltava-lhe o ar.
Punha-se, quieta, a pensar no sofá da sala,
trancada em suas ilusões.
E eu observava sua dificuldade
em alcançar, em encontrar
e sentir o Amor, que por ali passava,
parecendo querer roubá-la
para um doce, um chá;
parecendo querer seu sorriso,
sua doçura, sua real natureza.
Via que passava horas tentando
convencê-la a levantar-se,
a sair, a caminhar.
E os dias se passavam daquela forma.
Ele, o Amor, não desistia
da sua natureza em amar.
Ela acreditava não poder
fazer parte do que ele lhe propunha.
Um dia chegou da mesma forma.
Em silêncio, sozinha e confusa.
Ele, pela primeira vez, sentou-se
ao seu lado e nada fez.
Ela estranhou, mas achou
melhor desprezar o fato.
E algumas horas se passaram
sem que o Amor nada fizesse.
Ela, por vezes, fitava-o,
querendo descobrir o que
estava acontecendo.
De repente, ele se pôs em pé.
Parecia ir embora...
Quando ela chorou,
pedindo-lhe para ficar.
Naquele momento,
os olhos dela iluminaram-se.
Ela havia aberto a sua porta,
havia manifestado a sua vontade.
Encontrara o Amor.
E então, eles puderam dançar juntos,
saborearam os doces e os chás.
Saíram para ver o sol, tomaram
chuva e oraram a Deus.
Ela pôde sentir a bênção
em ser filha do Pai.
Quando o Amor a olhou nos olhos
e se despediu.Ela não acreditou
e perguntou:
Porque me abandonas exatamente
no momento quando mais preciso de ti?
E ele respondeu:
Na verdade, Criatura de Deus,
não te estou abandonando.
Apenas descobriste
que és concebida do Amor.
E agora poderás prosseguir
com seu próprio coração,
pois nele encontra-se
tudo de que necessitas.
Enquanto isso, vou à procura
de outros que, como tu,
precisam descobrir que são
o que eu sou, para voltarem
a ser o que sempre foram:
o Amor!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário