sexta-feira, 12 de setembro de 2008

DOIS PEDIDOS

O menino não ainda não tinha dez anos.
Seus cabelos claros cobriam-lhe a testa displicentemente.
Seus olhos tinham uma expressão de viva curiosidade.
Aproximou-se da mãe e, sem cerimônia, questionou-a: "mamãe, o que você quer
que eu seja quando crescer?"
A mãe deixou os afazeres de lado e olhou demoradamente o pequeno.
"Por que a pergunta, meu bem?" - devolveu o questionamento ao garoto.
"Ah, mamãe!", disse suspirando, "hoje, na escola, meu amigo me disse que ele
vai ser médico porque seu avô é médico e seu pai também. Então, fiquei
pensando nisso.
O que você e o papai querem que eu seja?"
O rostinho do menino tinha um traço de apreensão.
"Meu querido, disse ela abraçando o garoto, "eu tenho apenas dois pedidos
para lhe fazer. Quero que você seja correto e que seja feliz."
Beijou suavemente a testa do filho que, insatisfeito com a resposta,
afastou-se para poder fitar a mãe diretamente.
"Não, mamãe! Qual profissão você quer que eu tenha quando crescer?" - voltou
à tona achando que não havia sido compreendido.
"A escolha da sua profissão, meu filho, cabe apenas a você. Isso não me
compete, tampouco me causa maiores preocupações. O que eu quero de você é
outra coisa. Ou melhor, como eu lhe disse, tenho apenas dois pedidos a lhe
fazer. Vou repeti-los e explicá-los.
Quero que você seja correto.
Isso significa que espero que você escolha o caminho do bem sempre, mesmo
que ele seja mais longo ou mais difícil.
Que pense nas conseqüências dos seus atos, para você e também para os
outros.
Que não tema a verdade, nem a justiça.
Ao contrário, que as busque sempre com serenidade e persistência.
O segundo pedido, que é tão importante quanto o primeiro, é que você seja
feliz.
Isso quer dizer que espero que, apesar das dificuldades da vida, você tenha
sempre confiança em Deus.
Que acredite na justiça divina e que jamais se entregue ao sofrimento.
Que você tenha o coração cheio de amor e de coragem para seguir em frente,
sempre."
A mãe acariciou o menino, afagando-lhe os cabelos com doçura e concluiu:
"para mim, meu filho, o que interessa é como você vai ser e não o título que
vai carregar."

Pense nisso!

Por vezes, sentimo-nos tentados a buscar realizar nossos sonhos frustrados
por meio de nossos filhos.
Induzimos nossos jovens a concretizar ideais de vida que não são os deles.
Fazemos que eles busquem objetivos que, na verdade, eram nossos.
Por mais promissoras que sejam algumas carreiras e profissões, não cabe a
nós, pais, escolher os caminhos que nossos filhos trilharão.
Nosso dever é prepará-los para que sejam homens e mulheres de bem.
Altos salários e títulos de honra nada são se a alma permanece atormentada
pela tarefa não cumprida e pelo compromisso abandonado.
Se queremos que eles sejam realmente felizes, cabe-nos orientá-los para que
busquem a senda da retidão moral. Somente assim nossos amores serão capazes
de alcançar a felicidade possível neste mundo.
Pensemos nisso.

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