quarta-feira, 24 de setembro de 2008

CARA PINTADA

Caminho indulgente pela vida

Sou um pedaço de tudo

Um resto de nada desconcertado.

Rio escrachadamente

Enquanto guardo por dentro minha lágrima.

Sou vida marcada de forma dolente

Um naco de dor que me arrasa

Na solidão mais plangente

Que açoita sem pena alguma

Cobrando de mim tudo que existo.

Queria plantar uma flor na minha existência

Mas só restaram os espinhos

Que disfarço num deboche debulhado

E escondo o resto na minha cara pintada

Num disfarce de riso

Fazendo circo na minha imagem.

Levo comigo tantas faces

Que até esqueço da minha que se debate.

Um dia, quem sabe, eu possa ser eu mesmo

Possa me mostrar de cara lavada

Na alma sangrada que ninguém conhece.

Hoje deixo que riem a vontade

Da minha mentira que se torna verdade

Da minha essência esquecida

Que só se mostra quando tiro a maquiagem

E essa... Ninguém sabe.

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