sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O DESENVOLVIMENTO MORAL

Educação é o desenvolvimento natural,

progressivo e harmonioso

de todos os poderes e faculdades do ser.

Pestalozzi





No que se refere ao desenvolvimento moral, suas idéias são semelhantes às de Piaget e nos fazem lembrar Kant. Mas vão muito além, ao identificar o germe de toda a potencialdade a ao entrar no campo fantástico do sentimento e da vibração.



Para Pestalozzi, a moral é o fim supremo da educação, pois o homem é um ser essencialmente moral. E é essencialmente moral porque possui, dentro de si mesmo, o germe desta moral, a essência Divina.



Em sua obra "Minhas Investigações sobre a Marcha da Natureza no Desenvolvimento do Gênero Humano" (tradução em espanhol por Lorenzo Luzurriaga - 1931 - vide também Hubert, História da Pedagoaia), Pestalozzi cita três estados ou etapas do desenvolvimento moral do homem. Tais estados correspondem às camadas da psique humana.



O ESTADO NATURAL ou PRIMITIVO: corresponde à sua natureza animal, aos impulsos instintivos de sobrevivência e dominação, procurando satisfazer suas necessidades básicas. Neste estado o homem é egoísta por natureza. Tal é a infância da humanidade, o estado primitivo do homem, que ainda persiste dentro de nós. Por essa razão o homem é suscetível de se corromper.



O ESTADO SOCIAL, que corresponde à moral social, à lei social, ao que se aprende na sociedade. Por necessidade criou-se a sociedade, o governo, as leis, para coibir a manifestação dessa animalidade e garantir ao homem (ainda na animalidade) a satisfação de seus próprios prazeres, mas de maneira mais segura, onde o outro é obrigado a lhe respeitar o espaço.



Embora apenas no sentido de coibir uma manifestação animal em benefício da própria animalidade, ainda assim é um primeiro exercício de auto-superação.



No entanto, para Pestalozzi, a lei humana, a moral social, não transforma os instintos básicos do homem. Apenas coíbe, impede sua manifestação. A sociedade, por isso, é um estado de fragilidade. Está sujeita ao banditismo, ao terrorismo, à delinqüência, pois a animalidade está apenas reprimida, mas não transformada. A qualquer momento se manifesta, em forma de banditismo, de uma revolução sangrenta, em forma de delinqüência individual ou provocando neurose individuais ou envenamento, como diz Pestalozzi.



Nesse sentido, Pestalozzi antecipa Sigmund Freud (1856-1939).



Mas o homem não é apenas um ser ANIMAL e um ser SOCIAL. Antes, acima e além de tudo ele é um ser ESPIRITUAL, é um ser MORAL.



O ESTADO MORAL:



Como ser ESPIRITUAL, somos herdeiros do Criador e temos o Reino Divino dentro de nós, nos diz Pestalozzi, relembrando o Evangelho de Jesus.



Ao atingir o ESTADO MORAL ele é capaz de trabalhar seus instintos animais, transformá-los, canalizar essa força num sentido positivo e é capaz de construir sua própria moral, sem necessidade de uma moral externa a lhe dirigir os passos. A moral não vem de fora, de uma religião ou de um governo. A moral passa a ser interior, íntima, do próprio indivíduo. Ele é autônomo moralmente, é livre moralmente.



Facilmente podemos identificar os estados citados por Pestalozzi com as fases morais de Piaget: A fase de ANOMIA corresponde ao ESTADO NATURAL OU PRIMITIVO, a fase de HETERONOMIA corresponde ao ESTADO SOCIAL ou moral social e a fase de AUTONOMIA corresponde ao ESTADO MORAL.



Mas como atingir esse estado moral, esse ser Divino que dorme em todos os homens?



Pestalozzi nos fala do amor, que é a base sobre a qual se assenta toda a sua pedagogia, entrando no campo deslumbrante do sentimento.



Através da vibração, do impulso de alguém que se descobriu como ser Divino, que é um ser moral, ou seja, aquele que já trabalhou com suas camadas íntimas, com seus próprios instintos e os elevou ao nível do amor, e sente dentro de si essa emanação Divina, este é capaz de despertar no educando o amor que aquele já possui em si mesmo. O educador contagia, desperta essa essência que se encontra em estado latente.



Mas é a partir do momento em que o educando descobre essa emanação Divina em si mesmo, que ele se descobre como filho herdeiro de Deus é que começa a trabalhar suas camadas interiores, até se tornar um ser MORAL por excelência.



O papel do educador é despertar essa essência Divina no educando, para que ele, uma vez consciente de si mesmo, possa se modificar, trabalhar consigo mesmo e não ser governado ou dirigido. O educador acende a centelha ou desencadeia um processo através do qual o educando vai atingir a sua AUTONOMIA MORAL, O ESTADO MORAL.

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