quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Igrejas superabençoadas

Quando vi aquele irmão neopentecostal dizer, na televisão, que Deus estava abençoando a sua igreja com crescimento e incontáveis conversões, entendi e concordei.
Mas quando ele disse que lá existe mais verdade, mais milagres, mais graça e, com os seus 2,5 milhões de fiéis, desdenhou da nossa com 1,2 milhões; isto é, 500 vezes maior e certamente 20 séculos mais antiga que a dele, não gostei.
O fato de Deus abençoa-los não quer dizer que não nos abençoa. Deus tem graças para todo mundo. E já estava nos abençoando com inúmeros santos, escolas, creches, missões, asilos, hospitais, milhares de obras sociais, culturais, de resgate, de curas, de conversão, de perdão e de reconstrução.
Jesus, em Mt 7,1, nos proíbe julgar os outros. Em Mt 7, 21-28 e Mt 24, 23-25, e em Mt 25, 31-46, ele nos diz que números, milagres, exorcismos, curas e profecias, nem sempre são sinais de que ele está com um grupo religioso. Diz até (em Mt 24, 23-28) que haveria muitos charlatões usando a religião para fazer adeptos, e fulmina, em 7,21-23, os pregadores donos da verdade, dizendo que não tenham obrado curas, exorcismos e convertido multidões!
Eu penso diferente desses irmãos. Deus abençoa e envia seu Espírito aos bons, aos simples e aos sinceros, até mesmo aos pagãos (At 10, 45). Ele dá a sua graça aos humildes de todas as Igrejas e rejeitas os soberbos de qualquer Igreja (Tg 4,6).
Talvez seja hora de pararmos de dizer que nós ou nossa Igreja somos mais abençoados do que os outros. Há imensa vaidade nesse tipo de marketing. Por que não deixamos isso a Deus? Ele sabe a quem pertencem o lugar à esquerda e à direita do Cristo. É uma decisão que Jesus afirmou que nem dele dependerá (Mt 20, 23)
Acho que a graça do ecumenismo é uma graça grandiosa. Não temos que concordar em tudo com os outros irmãos em Cristo, mas temos de respeitá-los. Se Jesus disse que milagres, profecias, crescimento, dinheiro, poder, exorcismos nem sempre provam que alguém é dele, então, deve ser porque o sinal de pertença a ele é outro.
O fariseu que, perto do altar, garantia ser melhor do que o publicano lá atrás, que nem ousa levantar os olhos (Lc 18, 10-19), saiu impuro porque falou e orou errado. O publicano saiu purificado.
Deus nos liberte do marketing farisaico de quem se acha mais santo e mais fiel do que os outros.
Se erramos, corrijamos; se o irmão errar, lembremos a ele que errou, mas que nenhum de nós ache que, por saber mais ou orar mais, é mais do que o outro.
Só Deus pode julgar isso.
Nós, agradecemos a luz dele que está em nós e nos outros.
Afinal, ele sabe por que alguns crescem e outros diminuem, e por que os que hoje crescem amanhã talvez diminuam.
É só ler os livros de História.
Ver uma luz é uma coisa.
Proclamar-se o único que a vê é outra!...

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