segunda-feira, 18 de agosto de 2008

"Emoção e Raciocínio"

Para distrair-se, ao longo da praia,

o viajante pede madeira frágil

destinada à canoa leve;

contudo, na travessia do mar,

requisita o concurso do aço,

na sustentação dos grandes navios.


A fim de tão somente alfabetizar-se,

o estudante roga semanas breves;

no entanto, para senhorear os recursos

especializados de uma profissão liberal,

gasta toda a existência.


Para alimentar-se, no espaço de

algumas horas, a criatura pode

valer-se da alface de poucos dias;

mas se deseja apoiar a oficina

em que se educa,

solicita o favor da peroba

que exige muitos anos para desenvolver-se.


A fim de brincar num circo,

o homem utiliza estacas, à flor da terra,

em galpões de emergência;

entretanto, ao erguer a casa de moradia,

recorre ao prestígio da pedra,

na garantia dos alicerces.


Viver bem, segundo a emoção,

na superfície das coisas,

é atividade comum.


Viver para o bem, na profundeza

do raciocínio, é obra de raros.


Arma-te de energia,

se aspiras a vencer a sombra em ti mesmo.


Ninguém constrói caminhos de paz e luz,

sem a firmeza da fé

sobre a constância da paciência.

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