domingo, 10 de agosto de 2008

AOS PAIS SOFRIDOS!

É bem grande a legião,

de pais marginalizados,

que vagueiam desolados,

sem mais admiração,

jogados ao rés do chão,

debaixo do mesmo teto,

não recebem mais afeto,

perderam até o direito,

a um pouco de respeito,

seu lar é a solidão.



Não estou generalizando,

não quero gerar conflito,

e muito menos atrito

estou apenas me integrando,

ao grupo que está vagando,

sem receber mais carinho,

no mais cruel desalinho,

por uma questão de valores,

perderam os seus amores,

e andam se arrastando.



Sua benção pai, eu pedia!

e o fazia com respeito,

ele tinha esse direito,

com afeição eu fazia,

pois meu amor merecia,

posição não me importava,

o pouco que eu lhe dava,

era insignificante,

por demais irrelevante,

por causa dele eu vivia.



Não pedi que me gerasse,

muito menos pra nascer,

mas esse dom de viver,

por mais que me esforçasse,

por mais que dele cuidasse,

não pagaria esse apreço,

a vida náo é um adereço.

um toma lá e dá cá,

um débito a se quitar,

por mais que nos embarasse.



Quero inicialmente,

dizer aos pais solitários,

que sofrem em seus calvários,

são tratados friamente,

que chega a ser deprimente,

esse modo até insano

de tratar um ser humano,

que um dia foi atuante,

teve um lugar importante,

na vida de sua gente.



Muitos de si se esqueceram,

renunciaram a tudo,

inclusive ao estudo,

na profissão não cresceram,

a vida toda sofreram,

para darem condição,

estudos e profissão,

aos filhos que tanto amaram,

por quem se sacrificaram,

e que agora os esqueceram.



A renda ficou minguada,

perderam o seu espaço,

só restou-lhes o cansaço,

não são ouvidos pra nada,

com a alma sufocada,

vendo os filhos vencedores,

inverteram-se os valores,

eles tudo centralizam,

os seus feitos enfatizam,

foi-se a última cartada.



E aquela dose de amor,

perdeu-se pelo caminho,

negam-lhe qualquer carinho,

é um fim desolador,

o mais cruel amargor,

e de tanto ouvir chalaça,

é num copo de cachaça,

que esse pai se refugia,

sua tristeza esvazia,

batendo forte na dor.



A legião é imensa,

de tantos pais sem afeto,

debaixo do mesmo teto,

é tanta a indiferença,

que até sua presença,

só desprezo ela provoca,

mais uma mágoa coloca,

no estoque do abanono,

e como um cão sem dono,

cumprindo sua sentença.



Quero levar meu abraço,

aos pais abandonados,

que em asilos jogados,

sofrem esse embaraço,

esse agudo estilhaço,

enquanto em outrs tetos,

seus filhos com os seus netos,

repetem alegremente,

seus gestos de antiagamente,

no calor de uma abraço.



Também não posso esquecer,

os pais aprisionados,

pelos erros condenados,

mas que jamais vão perder,

mesmo nesse padecer,

a mãe, um amor, um filho,

que no seu olhar sem brilho,

enxergam no horizonte,

o traçado de uma ponte,

onde passa o enternecer.



São esses pais biológicos,

que se perderam dos filhos,

que vagueiam noutros trilhos,

e mesmo não sendo dógicos,

meus versos não são ilógicos,

confesso evitar não pude,

esse poema tão rude,

que me deixa desolado,

com o coração magoado,

vendo esses olhares sem brilhos.

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